“Dedo podre” ou falta de autoconhecimento? Por que repetimos padrões afetivos
- Psicóloga Thais Ramos Mendes

- 21 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de set.
Você já se pegou dizendo que tem “dedo podre” para o amor? Já sentiu que vive repetindo os mesmos padrões afetivos, mesmo mudando de parceiro(a)? Ou que sempre se envolve com pessoas que te frustram, te magoam ou não te escolhem de verdade?
A ideia de “dedo podre” carrega consigo um julgamento silencioso: de que a pessoa escolhe mal, que insiste em se envolver com quem “não presta” — como se o problema fosse simplesmente uma falha de critério. Mas será que é mesmo só uma questão de “escolher melhor”? Será que conseguimos, de fato, escolher racionalmente por quem vamos nos apaixonar?
Essas experiências são mais comuns do que parecem. E, apesar de expressões como “má sorte” ou “azar no amor” serem populares, a resposta raramente está no acaso. Repetir padrões nos relacionamentos costuma estar muito mais ligado ao inconsciente, à idealização e à falta de autoconhecimento do que a qualquer sorte ou azar.

O desejo não é totalmente consciente
A atração que sentimos por alguém dificilmente é racional. Nos apaixonamos por traços que nos tocam de forma subjetiva — e, muitas vezes, isso inclui elementos inconscientes que se conectam com nossa história de vida, com carências, inseguranças e aprendizados antigos.
Isso significa que não escolhemos por quem vamos nos apaixonar. Mas isso não nos torna reféns do desejo: ainda somos responsáveis pelas relações que decidimos sustentar.
Idealização: o risco de projetar no outro o que queremos enxergar
Quando nos encantamos por alguém, é comum projetarmos nele ou nela o que gostaríamos que essa pessoa fosse. Preenchemos os espaços vazios com esperança, ignoramos sinais de alerta e criamos uma versão idealizada do outro.
Mais cedo ou mais tarde, a realidade se impõe — e a decepção chega.
Esse ciclo de idealizar – se frustrar – insistir – se machucar é um dos mais comuns nos consultórios de psicoterapia, especialmente entre mulheres e pessoas LGBTQIAP+ que foram ensinadas a se responsabilizar pelos vínculos, mesmo quando eles não são saudáveis.
Quando não sei o que quero, aceito qualquer coisa
Relacionar-se de forma genuína exige saber o que se quer, mas também reconhecer os próprios limites. Se você não tem clareza sobre o que é inegociável para você, é mais provável que aceite comportamentos que machucam — por medo de perder a relação, por insegurança, por se sentir inadequada ou por ter aprendido a se anular.
É nesse ponto que o processo terapêutico se torna fundamental: ele permite reconhecer o que se repete, o que te atrai, o que você está tentando resolver em cada relação — e, sobretudo, o que você não precisa mais viver.
O problema não é o seu dedo. É o que você ainda não entendeu sobre ele.
Não se trata de culpa. Mas também não é só azar. Quando você compreende o papel que sua história exerce sobre suas escolhas afetivas, começa a abrir espaço para novas possibilidades — mais conscientes, mais respeitosas, mais alinhadas ao que você realmente deseja e merece viver.
Psicoterapia: um caminho para romper padrões afetivos
Se você sente que está presa a ciclos de frustração no amor, a psicoterapia pode te ajudar a compreender suas escolhas, fortalecer sua autoestima e resgatar sua autonomia emocional.
Não se trata de encontrar a “pessoa certa” lá fora. Se trata de encontrar um lugar mais inteiro dentro de si mesma, para então se relacionar de forma mais saudável.


